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Mensagem do Coordenador de Minicursos


O Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos (SBRC) é o mais importante fórum da comunidade de pesquisa e desenvolvimento em Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos no Brasil. Entre as principais atividades técnicas do SBRC encontram-se os Minicursos, que tem como objetivo a atualização em temas normalmente não cobertos nas grades curriculares ou que despertem grande interesse entre acadêmicos e profissionais. O SBRC é uma promoção do Laboratório Nacional de Redes de Computadores (LARC) e da Sociedade Brasileira de Computação (SBC).

Os Minicursos são compostos pela apresentação presencial (4 horas de aula) e pelo livro, onde cada minicurso se torna um capítulo contendo um texto de apoio produzido pelos autores. Durante os últimos anos, tem sido observado que muitos textos de minicursos tem sido intensamente usados pela comunidade, inclusive muitos deles sendo utilizados em disciplinas de graduação e pós-graduação nas universidades brasileiras. Isso demonstra que o alcance dos minicursos do SBRC é maior do que o grupo de alunos que tiveram oportunidade de estarem presentes ao SBRC para as apresentações.

Pelos seus muitos anos de bons cursos oferecidos, os Minicursos do SBRC conquistaram grande respeito e prestígio junto à comunidade em redes e sistemas distribuídos. Uma prova disso foram as 37 propostas completas recebidas nesse ano para o SBRC 2010, das quais cinco minicursos foram selecionados. Infelizmente, como ocorre em outros eventos com alta concorrência, muitas propostas de excelente qualidade não puderam ser aceitas. No entanto, nesse processo serão beneficiado os alunos que se matricularão nos minicursos e os membros da comunidade que terão à sua disposição texto de alto nível para estudos e pesquisas avançadas.

Os minicursos selecionados para o SBRC 2010 abordam temas de grande relevância atual e que vem despertando o interesse de pesquisadores, professores, alunos e usuários nos últimos anos. Os textos completos de cada minicurso compõem esse livro que está organizado em cinco capítulos. O Capítulo 1 é intitulado "Redes Complexas na Modelagem de Redes de Computadores", de autoria de Marcelo Almiron, Heitor Ramos, Eduardo Oliveira, João Menezes, Daniel Guidoni, Pedro Stancioli, Felipe da Cunha, André e Aquino, Raquel Mini, Alejandro Frery e Antonio Loureiro. A área de redes complexas é recente e vem sendo aplicada com sucesso para compreender, modelar e encontrar respostas a problemas importantes em aplicações como ciências sociais, ciência da informação, ciências biológicas e em áreas ligadas à tecnologia, com em redes de computadores. Dois conceitos associados com redes complexas, redes sem escala e redes de mundo pequeno, já foram encontrados em alguns estudos sobre a Internet. Características topológicas da Internet, tanto em nível de roteadores quanto de sistemas autônomos, já foram apresentados na literatura como seguindo leis de potência, que caracterizam as redes sem escala. Por outro lado, redes P2P apresentam características típicas de redes de mundo pequeno, como caminhos mínimos pequenos e alto grau de agrupamento entre os nós.

O Capítulo 2, intitulado "Interconexão de Redes na Internet do Futuro: Desafios e Soluções" tem como autores Miguel Campista, Lyno Ferraz, Igor Moraes, Marcelo Lanza, Luís Costa e Otto Duarte. Embora a Internet seja um feito tecnológico do ser humano que vem operando há mais de 40 anos e os protocolos TCP/IP estão sendo usados há quase 30 anos, ainda é de extrema importância compreender as limitações do modelo atual de interconexão da Internet e as propostas para solucioná-los. A Internet não foi concebida para atender muitas das suas demandas atuais, como mobilidade e redes com múltiplos domicílios (multihomed) e essas questões tem gerado desde extensões dos protocolos atuais, até propostas que alteram completamente a sua arquitetura.

O Capítulo 3, "Novas Arquiteturas de Data Center para Cloud Computing", de Fábio Verdi, Christian Rothenberg, Rafael Pasquini e Maurício Magalhães, aborda um tema que desperta o interesse tanto da comunidade científica quanto do mercado. Conhecida como Computação em Nuvem, promete oferecer aos seus usuários um modelo de serviço onde os recursos computacionais estão localizados em algum lugar que não é o computador local do usuário nem o servidor da organização à qual ele está vinculado, mas um datacenter em algum lugar na Internet (ou seja, na nuvem). Os usuários atualmente podem desfrutar de serviços como o Google Docs e as empresas podem usar os sistemas corporativos da Salesforce.com e os serviços de armazenamento e processamento sob demanda oferecidos pela Amazon. Essas demandas geram novos desafios e mostram limitações das tecnologias atuais de redes para datacenters que precisam ser solucionadas para que as aplicações atualmente disponíveis de Computação em Nuvem continuem a evoluir e ganhar popularidade.

O Capítulo 4 é intitulado "Redes Cognitivas: Um Novo Paradigma para as Comunicações Sem Fio", de autoria de Marcelo Sousa, Rafael Lopes, Waslon Lope, Marcelo de Alencar. Redes cognitivas é uma proposta recente que visa tratar do crescente problema de complexidade nas redes de comunicação, onde o sistema continuamente se adapta para aprimorar e atualizar as suas funções, com o mínimo possível de intervenção humana. Uma rede cognitiva recebe esse nome porque é equipada com um processo (cognitivo) que percebe condições atuais, planeja, decide, atua sobre essas condições e aprende com os seus erros e acertos. A principal tecnologia das redes cognitivas são os rádios cognitivos, que permitem utilizar o espectro de maneira oportunista. No entanto, enquanto os rádios cognitivos atuam nas camadas física e de enlace de dados, as redes cognitivas atuam em todas as camadas de uma arquitetura de redes.

Finalmente, o Capítulo 5 é intitulado "Redes de Sensores Aquáticas", de autoria de Luiz Vieira, Antonio Loureiro, Antônio Fernandes e Mario Campos. Redes de sensores sem fio é uma área que obteve grande volume de pesquisas nos anos 2000, devido principalmente às suas várias aplicações, como monitoramento e vigilância. Nos últimos anos, a ideia de usar redes de sensores para ambientes subaquáticos vem recebendo grande interesse, também devido às suas potenciais aplicações e aos novos desafios apresentados. Se por um lado as redes de sensores aquáticas compartilham algumas propriedades com as suas similares terrestres, por outro lado existem diferenças significativas. Por exemplo, comunicações de rádio não funcionam bem abaixo da água e, portanto devem ser substituídas por comunicações acústicas. Além disso, enquanto que as redes de sensores terrestres são em geral estáticas, as redes aquáticas se movem devido às características próprias desses ambientes, como correntes marinhas.

Gostaríamos de agradecer aos 16 membros do Comitê de Avaliação pela dedicação à tarefa de avaliação dos artigos, algumas das quais em caráter de urgência. Agradecemos também aos coordenadores gerais do SBRC 2010, professores Luciano Paschoal Gaspary e Marinho Pilla Barcellos, ambos da UFRGS, pela confiança e apoio recebidos. Finalmente, um agradecimento especial a todos os autores que prestigiaram a iniciativa de realização dos minicursos do SBRC, submetendo propostas que refletem os resultados das suas pesquisas, estudos e projetos acadêmicos.

Carlos Alberto Kamienski
Coordenador de Minicursos do SBRC 2010